sexta-feira, 1 de março de 2013

familia tagliari



Vai para além de cem anos que a família Tagliari se incorporou ao Brasil. Estamos em 1980. E, no ano passado, 1979, transcorreu o primeiro centenário da vinda de meu avô, Antônio Tagliari e família, a esta terra que nos acolheu e agora é nossa. Pareceu-me bem comemorar esta centenária data, com o lançamento de uma descrição histórica de nossa família, com sua origem e genealogia, perpetuando-se a memória do passado.

 

Proveniência da Itália

 

Devemos notar que falando em nossa família, nos reportamos a todos os descendentes de dois irmãos, Antônio e Ângelo, casados com duas irmãs, Catarina e Antônia Baú, que imigraram da Itália, no século passado. Lá, seu sobrenome era "Tagliaro". Residiam em Gallio, Comuna de Aziago, Província de Vicenza, nos pré-Alpes. Existe a versão de que eram originários de uma família dinamarquesa, que em tempos mais remotos, teria imigrado para a Itália. Isto parece bastante provável, porque nossos antepassados muito mencionavam a Dinamarca. Outra versão dizia que seu sobrenome primitivo na Itália era "Marini" e que teriam passado a chamar-se "Tagliaro" por apelidação, derivada de uma árvore denominada "Taiaro ou Tagliaro", que servia de sombra aos animais dos viajantes, junto a uma hospedaria que possuíam. Mas penso que tal versão se fundamenta num equívoco, originado do sobrenome da tataravó que era "Marini". Ainda uma tradição familiar dizia que não teriam deixado parentes na Itália. E isto me parece improvável, já que atualmente existem Tagliaro na Itália e outros apareceram no Brasil, não descendentes de Antônio e Ângelo.

 

Descendência

 

O tronco mais antigo, que se descobriu na escala ascendente, é Antônio Tagliaro, casado com Catarina Marini, avós paternos de Antônio e Ângelo. São mencionados três filhos deste casal. Dois deles se tornaram sacerdotes e, portanto não constituíram família. Seus nomes se perderam na história o outro filho, entre os três , tem seu nome conhecido: chamavam-se Bartolomeo , Casado com Catarina Baú. Deste casal descendem Antônio e Ângelo, nossos avós que vieram para o Brasil.

Ângelo não obstante ser  mais novo, casou-se bem antes de Antônio. Realizou seu matrimônio com Antônia Baú, com cuja irmã, Catarina Baú, mais tarde se casou o Antônio. Assim eram dois irmãos casados com duas irmãs.

Observa-se ainda que a mulher de Bartolomeu era Baú, bem com suas duas noras eram Baú. Quem sabe, talvez, parentes em grau distanciado. Os Baú residiam em Stoccaredo, povoação montanhosa, não muito distante de Gallio.

 

Avalanche de Neve

 

Consta , por tradição segura, que a família Bartolomeo foi duramente atingida por medonho acidente provocado por uma avalanche de neve, que vitimou cinco filhos. A distância que nos separado acontecimento fez com que as versões respectivas, entre os diverso parentes, sejam narradas de modo diverso. A narração mais provável é a seguinte: "A família dormia no bom sono, em alta noite. Era uma hora da madrugada, quando o casal despertou, em conseqüência em berros lúgubres das vacas recolhidas no estábulo. Os animais mais sensíveis do que os seres humanos às anomalias da natureza, estavam irriquietos por pressentirem a aproximação do perigo. Bartolomeo saltou da cama e correu e correu à estrebaria, para averiguar o que havia. Em seguida, ergueu-se da cama também sua esposa Elizabetta e dirigiu-se à porta. Foi quando chegava impetuosa a avalanche que levou de roldão, vale abaixo, a casa com os cinco filhos que estavam a dormir. O casal, porém, se salvou. Ele, o marido, se salvou por estar junto à estrebaria, em lugar mais elevado, não atingido pela avalanche; e, ela já fora da casa, conseguiu agarrar-se a um ramo de uma grande nogueira, que se erguia próxima a casa. O inditoso casal julgou todos os filhos perdidos. E deus os compensou com mais dois filhos, que são nossos avós Antônio e Ângelo, vindos ao Brasil".

 

Sobrenome Tagliaro na Itália

 

Como já foi dito, nosso sobrenome na Itália era "Tagliaro" e como Tagliaro vieram para o Brasil. Comprova-se isso por dois documentos. Nosso bisavô, morto em Bento Gonçalves , consta como Tagliaro em seu registro de óbito. O respectivo termo de óbito diz o seguinte: "Bartolomeu Tagliaro, filho de Antônio Tagliaro e Catarina Marini, viúvo de Elizabetta Baú, faleceu aos noventas anos (velhice) em Bento Gonçalves, a 10/09/1889. Enterrado no cemitério Paroquial". E  nosso avô Antônio traz seu sobrenome Tagliaro em seu documento de formatura. Vale a pena transcrevê-lo literalmente:

 

"N. 151 – Regno Lombardo Veneto – Diocese de Padova. Scuola Elementare Maggiore Maschile di Padova. Tagliaro Antonio, figlio di Bartolomeo, nato il 19 Dicembre 1822, in Gallio (Aziago), Provincia de Vicenza, di religione Católica, abitante in Gallio, nella Diocese di Padova, il quale, dopo aver percorso gli studi elementari e ginasiali fino allá IIª Umanitá nell"anno 1864, é intervenuto com moltisima diligenza allo studio di metódica per lê scuole  elementari maggiori, a dato saggi di molto buona pronuncia-si é disportato molto bene quanto allá costumatezza-e negli esami sustenuti in questa scuola nei giorni 1. 2. e 3 Setembre de 1864, à meritato lê seguinti note:

 

                                                                              Per rispetto

 

 

allá matéria

al metodo

Nell' instruzione religiosa

molto bene

bene

Nella metodica generale e nella conoscienza dei regulamenti scolastici

molto bene

------

Nell legere

molto bene

molto bene

Nel comporre, comprese lê scriture officialli

molto bene

molto bene

Nella gramatica

molto bene

molto bene

Nell' ortografia, compreso lo scrivere sotto dettatura

bene

bene

Nell' aritmética in scrito e mentale

molto bene

molto bene

Nella calligrafia

bene

bene

Negli elementi di storia naturale coi principi di agraria

bene

bene

Nella geografia

bene

------

Nel disegno lineare

bene

------

 

                  Egli á quindi meritato la complessiva nota prima com Eminenza ---- e puó essere raccomandato come abile ad insegnare nella qualitá de maestro in uma scuola maggiore di Iª IIª IIIª IVª classi ------

                  Por copia conforme, stratta dal processo vertebrale esistente presso la Direzione Della R. Scuola Cunica di Padova (fu scuola Elm. Maggiore).

                 

             Padova al di 30 Luglio 1878 --- Il Dirretore:

 

                                                                   L. Gamo".

 

Tradução

 

"N. 151 – Reino Lombardo – Veneto – Diocese de Padova. Escola Elementar Maior Masculina de Pádoa. Tagliaro Antonio, filho de Bartolomeo, nascido a 19 de Dezembro de 1822, em Gallio (Aziago), Província de Vicenza, de religião Católica, residente em Gallio, na Diocese de Pádoa, o qual, depois de ter completado os estudos elementares e ginasiais até a IIª humanidade, no ano de 1864, ingressou com muita aplicação no estudo de metódica (pedagogia didática) destinada a escolas elementares maiores, demonstrou muito boa pronúncia, portou-se com ótima conduta, e, nos exames prestados nesta escola de 1º a 3 de setembro de 1864, merceu as seguintes notas:

 

                                                                              Com respeito

 

 

à matéria

ao método

Instrução  religiosa

muito bem

bem

Metódica e regulamento de ensino

muito bem

------

Leitura

muito bem

muito bem

Composição, inclusive escrita oficial

muito bem

muito bem

Gramática

muito bem

muito bem

Ortografia, também sob ditado

bem

bem

Aritmética mental e escrita

muito bem

muito bem

Caligrafia

bem

bem

Elementos de história natural e  agrária

bem

bem

Geografia

bem

------

Desenho linear

bem

------

 

                  Ele, portanto, mereceu a expressiva nota com Eminência, e pode ser recomendado como competente professor qualificado de uma escola maior de Iª até IVª classe.

                  Extrato fiel do processo literal existente junto à Direção da Escola Cúnica de Pádoa.

                 

             Pádoa, 30 de julho de 1878 --- O Diretor:

 

                                                                   L. Gamo".

 

Mudança de Sobrenome

 

No Brasil, o sobrenome passou a ser Tagliari. Teria sido erro do escrivão? Parece que não foi. Sem dúvida a mudança foi intencional ou voluntária, visando alguma vantagem. Diversos poderiam ter sido os motivos de conveniência. Desejoso de descobrir o motivo real, abordei o segundo primo Guilherme Tagliari, residente em Erechim, descendente dos mais idosos da família. Segundo ouviu de seus pais, ele me deu a seguinte versão: "naquele tempo não havia rigor na escrita oficial, quanto à identificação das pessoas; souberam tirar proveio disso, dizendo-se Tagliari para se evadir do serviço militar, passando assim a documentar como Tagliari". Pode-se supor também que alteraram o nome, para confirmar que, como diziam, não deixaram parentes na Itália, talvez, por motivo de relacionamento familiar com parentes que porventura lá tenham permanecido.

 

Na Itália ainda há Tagliaro

 

Não obstante as afirmações tradicionais, ainda existem famílias Tagliaro na Itália, que por muito bem se configuram com nossos traços fisionômicos, tradições e gostos, numa sucessão de nomes pessoais semelhantes aos de nossa família, como poderemos observar nas duas árvores genealógicas, acrescentada no termino deste trabalho. A árvore genealógica dos Tagliaro que hoje existem na Itália foi-me fornecida pelo falecido Eduardo Tagliari, que com sua esposa visitou a Itália no ano de 1968, ocasião em que percorreu os lugares de origem de nossos antepassados.

Descobriu famílias Tagliaro em Ronchi, Fontanella e Turim e se não me engano também em Roma. Se bem me lembro dos ditos do falecido Eduardo, primo-irmão, ele constatou junto à família Tagliaro de Ronchi a mesma tradição da avalanche de neve, e que eles, lá, seriam descendentes de um menino que teria sido salvo, recolhido por alguma família, já longe de Gallio. Esta família, descobrindo o sobrenome do menino, revelado por ele mesmo, procurou mais tarde, um dos Padres Tagliaro, tio do menino, para entregá-lo. O padre, por sua vez, quis entregar o seu sobrinho a seu irmão Bartolomeo, que era pai, mas Bartolomeo julgou se tratar de uma artimanha, e por isso não o aceitou como filho e não o acolheu. Daí, o menino foi amparado e educado pelo padre, seu tio, resultando em conseqüência a permanência de um tronco Tagliaro na Itália. Pode ser esta circunstância um diagnóstico do motivo de dizerem que não tinham parentes na Itália e mudarem de sobrenome no Brasil.

 

Vinda ao Brasil

 

Apresentado esses dados históricos, tradições versões e suposições, relacionados com a família Tagliaro na Itália, passamos agora a relatar a vinda para o Brasil das duas famílias de Antônio e Ângelo Tagliaro, onde, no correr dos primeiros anos, se designaram Tagliari. Entre os parentes, alguns pensam que os dois irmãos vieram juntos e moraram juntos em Bento Gonçalves. Outros afirmam que vieram em separado e por conta própria, em etapas diferentes, construindo cada um sua casa própria. E é isso que parece o mais certo.   

 

Família de Ângelo Tagliari

 

Abordei muitos parentes. As melhores informações foram me dadas pelo segundo-primo Guilherme Tagliari, neto de Ângelo: Segundo ele, seu avô Ângelo foi o primeiro a vir. Trouxe junto seu velho pai Bartolomeo, com setenta e quatro anos de idade. Seus filhos mais velhos escalavam a maioridade. Sua viagem, cheia de peripécias, teria se dado em 1873. Neste caso, teria vindo antes da imigração italiana oficial, destinando-se a Bento Gonçalves, onde se estabeleceu, junto ao núcleo colonial que estava sendo organizado pelo Governo Imperial, para acolher a imigração italiana. Consta que sua viagem de veleiro se prolongou por treze meses, até chegar ao destino. Partindo de Genova, tiveram sua rota desviada para a costa da França, nas proximidades de Marselha. Não esta bem clara a causa deste desvio. Segundo alguns parentes foi motivada por assalto de piratas; segundo outros, o barco se teria desviado pela impulsão de ventos contrários. De qualquer maneira ficaram à deriva, nas costas da França. Pediram socorro, por carta, ao Cônsul italiano em Marselha, possivelmente por intermédio de lanchas de pescadores. Foram socorridos e  conduzidos ao porto de Marselha. Tiveram que parar por muito tempo, pois, o Comandante da nave, não estava mais disposto a prosseguir viagem. Cansados de esperar, os passageiros se amotinaram contra o comandante e sua tripulação, conseguindo reencetar a viagem,, após seis meses de paralisação. Chegados ao Rio de Janeiro, rumaram a Porto Alegre e daí, por via fluvial, subiram a S. Sebastião do Caí, onde estacionaram novamente, por alguns dias, até ida e volta d Antônia com seu filho mais velho, Valentin, que foram a Bento, inspecionar o lugar da nova morada. Subiu então toda a família, apoiada por animais de cargueiro e, a pé, pelos piques abertos serra acima, terminado enfim, a penosa peregrinação, e Bento Gonçalves, onde fixaram sua residência.

 

Filhos de Ângelo

 

A família de Ângelo era composta dos seguintes filhos: Valentim, Antônio, Bartolomeo, Maria, Pio, Pedro e Ângelo, vindos da Itália; mais, José, Terezinha e João, nascidos no Brasil. Eram todos músicos. Na casa de Lido Tagliari, Neto de Antônio, existe uma linda fotografia, bem conservada, de todos eles, em pose de orquestrantes. Viveram em Bento Gonçalves até o fim do século, como agricultores. Tinham, na propriedade de moradia, 45 hectares de terra de plantio. A primeira casa que fizeram, quando chegaram da Europa, já foi demolida. Restam ainda paredes da primeira cozinha, que foram aproveitadas para a construção de um galpão. Desde a primeira construção, tudo era de pedra. A primeira casa ficava à direita da estrada que seguia para a colônia. Ali, ainda existe uma vinha abandonada, de cepas grossas, plantadas pela família Tagliari. Alguns anos, após, construíram um casarão, todo de pedra, de dois andares, com comodidade no sótão e porão, ao lado esquerdo da estrada colonial, hoje, rua São Paulo, lugar chamado Borgo, a um quilômetro do centro da cidade. Dizem os moradores do lugar que os Tagliari chegaram a morar na dita casa, em número de 42 pessoas. No ano de 1900 venderam a rica propriedade de Bento Gonçalves a Ricieri Perón. E este, mais tarde, pelo ano de 1940, vendeu a Guerino Franzolloso e seu filho Romano é o proprietário atual. Junto com Dna. Zuleica, esposa de Eduardo Tagliari, já falecido, e seu filho Cláudio, fizemos neste ano uma excursão a Bento, especialmente para conhecer a antiga morada dos Tagliari, sendo bem acolhidos por Romano Franzolloso.

Tendo vendido a propriedade, onde residiram por 27 anos, deslocaram-se de Bento e vieram residir no município de Lagoa Vermelha, numa fazenda denominada Pedra Branca, boa gleba de terra de mato e campo, próxima a André da Rocha. Ao partir de Bento, a maioria dos filhos já eram casados. Maria se casou com um senhor NN Dalla Costa e foi morar em Barão, perto de Carlos Barbosa. Terezinha abraçou a vida religiosa com o provável nome de Irmã Inês, na Congregação de São José. Vítima de mal maligno, faleceu nova, no Convento de Garibaldi, talvez antes de sua solene profissão.

Em Pedra Branca, morando todos juntos, seis filhos casados, numa numerosa família patriarcal, sentiram necessidade de desafogar a casa dos pais. Resolveram serrar madeira a mão e fizeram casa para cada um dos seis filhos casados, cada um com sua porção de terra. Entretanto, falecia José, com dezesseis anos de idade, picado por uma cobra, enquanto trabalhava. Decorridos alguns anos, a irmandade começou a se dispersar, deslocando-se de Pedra Branca, pouco a pouco, todos os que tinham família. Valentim estabeleceu-se como colono em Gaurama (ex-Barros). Antônio abriu um hotel em Nova Bassano e acabou com hotel na Estação Getúlio Vargas. Bartolomeo dirigiu-se para Guaporé e depois se estabeleceu em Veranópolis, com Olaria, e, por fim em S. Rosa. Pio foi morar em Guaporé, como funcionário do correio. Pedro foi residir em Erexim, morando na cidade, possuía uma colônia, onde fazia plantação. Ângelo, lesado de uma perna, em conseqüência da queda de um pinheiro, tombado sobre ele ao derrubar mato: Morou primeiramente em Linha Pizzamiglio, a alguns quilômetros de Lagoa Vermelha e em seguida se transferiu para Passo Fundo, em 1910, e construiu um hotel. João, o último, casou-se e permaneceu na casa paterna, em Pedra Branca, junto a seus velhos pais. Ângelo e Antônia. Antônia deixou sua vida na Estação Getúlio Vargas e Ângelo, em seus últimos anos de vida, morou com seu filho Ângelo (Angelin), em Passo Fundo, onde morreu e foi sepultado.     

 

Família de Antônio Tagliari

 

Antônio, filho mais velho de Bartolomeo, em sua juventude prestou serviços de sacristão, na Itália, a um dos seus tios sacerdotes e por ele foi educado. Ingressou no seminário para se tornar sacerdote. Estando nos seus últimos anos de estudo, foi convocado para serviço militar em tempo de guerra, servindo por oito anos, sob domínio da Itália e também da Áustria. Quando já tinha 42 anos, é que entrou na escola superior de Pádoa, para diplomar-se professor. Casou-se com bastante idade, com cerca de 35 anos. Formado em 1864, buscou uma certidão de seu diploma em Pádoa, com o fim provavelmente de emigrar.

É certo que sua vinda para o Brasil se deu em 1879. Com respeito à viagem, poucos dados se conservaram nas tradições da família. Apenas se sabe que a viagem da família de Antônio teria se prolongado por onze meses e que sua embarcação teria sido impelida por ventos contrários até a costa da África, atracando provavelmente em algum porto, onde teria nascido o filho Bellin. Outrossim, não se conhecem pormenores de sua chegada no Brasil. Sabe-se que foram residir em Bento Gonçalves, junto ou perto de Ângelo. Visitando a antiga residência dos Tagliari em Bento, pessoas de lá nos informaram que acima da coxilha, ao lado esquerdo da propriedade de Ângelo, morava um outro Tagliari, havendo ainda vestígios da casa de residência. Enquanto residiram em Bento, nasceu em Polleone, o último filho. Mas não viveram muitos anos em Bento. Sairm de lá bem antes de Ângelo e foram residir em Alfredo Chaves, atual Veranópolis, onde construíram uma casa grande, assobrada, toda de pedra, perto da Igreja Matriz, a qual existe ainda hoje, com algumas modificações externas.

 

Filhos de Antônio

 

A família de Antônio, com sua esposa Catarina, se compunha de sete filhos.

José, o mais velho, casou-se com Margarida Tedesco. Faleceu vítima de varíola no dia seis de maio de 1888, conforme consta no Reg. de Óbitos , L.2, pág. 88, da Paróquia de Bento Gonçalves. Deixou duas filhas, Bellina e Josefina, e perdeu uma, chamada Izabel, com treze meses. Bellina se casou com seu primo, Renato dos Santos e Josefina, com Balduíno Darrigo.

Elizabetta, em primeiras núpcias casou com NN. Stanga e teve quatro filhos: Leonel, Vitório, Itália e Dante. Falecendo o marido casou novamente com Luiz Pallaggi, dando ao mundo mais dois filhos: Ofélia e Pílade. De profissão modista, Elizabetta morou longo tempo em Garibaldi e depois, em Porto Alegre, onde veio a falecer presa de atropelamento.

Maria, casada com João A. dos Santos, popularmente "João Dália", faleceu nova, com 25 anos de idade, no dia 25 de março de 1885 (L.2, pág. 8, Arquivo Paroquial de Bento Gonçalves). Seu marido, João Antônio, foi morto de criminosa emboscada, por motivo político, em "Capoeira", atual município do Prata. Maria e Antônio deixaram dois filhos: Renato e Marietina, e perderam um, de nome Antônio, com a idade de dois anos. Renato se casou, como foi dito acima, com sua prima Bellina e Marietina, com Afonso Faccin.

Antônio, em sua adolescência, com desejo de alcançar o sacerdócio, ingressou no Colégio São Luiz de São Leopoldo, onde deve ter concluído o curso ginasial e desistiu do Colégio, com a idéia de se tornar padre.

Interrompeu o colégio, mas não deixou os livros de lado. Fez estudos particulares como autodidata, até penetrar no conhecimento da área do Direito. Capacitou-se advogado, profissão que exerceu na vida. Abraçou matrimônio com Ana Bisatto e teve os seguintes filhos: Argante, Gumercinda, Maria Cristina, Irene, Olga, Arnaldo, Clorinda, Reinaldo e Tabita. Maria Cristina faleceu na idade de 16 anos. Irene (Nenê) tornou-se freira com o nome de Joana D'Arc, mas sua vida religiosa teve pouca duração, sendo-lhe roubada pela tuberculose, no Convento de Garibaldi. Reinaldo e Tabita morreram solteiros. Casaram-se todos os outros. Antônio, com pouco mais de 50 anos, perdeu a mulher e permaneceu viúvo pelo resto da vida. A maior parte de sua vida passou em Veranópolis. Mas quando estavam seus filhos mais ou menos colocados, deslocou-se indo trabalhar sucessivamente em Antônio Prado, Erexim, Viadutos e outros lugares. Na idade avançada, recolheu-se com sua filha Tabita, que era Professora, em Porto Alegre, a qual lhe prestou filial assistência até seu falecimento.

Raimundo, meu pai, quando jovem, morou algum tempo em Porto Alegre, aprendendo a profissão de sapateiro, que deve ter exercido por pouco tempo. Com seu irmão Bellin trabalhou bastante tempo como açougueiro em Veranópolis. Mas sua vocação era dedicar-se a música. Especializou-se no toque de gaita pianada.

Fazia parte, com os demais seus irmãos, de uma orquestra, que prestava serviços em diversões sociais. Como meio normal de vida, possuía uma colônia na cercania de Veranópolis e um bar no centro. Aliando o dom da música ao da mecânica, dedicou-se ao concerto de gaitas, profissão que amou até o fim da vida. Com cerca de 21 anos, casou-se com Maria Palma. Dentre os irmãos teve a família mais numerosa. Perdeu o primeiro filho de nome Túlio, afogado. Criou ainda mais quatorze filhos: Mercedes, José, Antônio, Emílio, Adelaide, Atílio, Maria, Alberto, Albino (todos nascidos em Veranópolis), Laurentino, Noemi, Eugênio, Luiz e Catarina (nascidos em Passo Fundo). Em 1910, transferiu-se de morada para Passo Fundo, nas proximidades da cidade, permanecendo lá pelo resto da vida. Faleceu próximo aos 84 anos, em 1955.

Bellin, o sexto filho do casal Antônio-Catarina Tagliaro, nasceu em viagem para o Brasil, lá pelas costas da África. Registrou-se brasileiro. Foi celibatário toda vida. A possível esposa foi substituída por instrumentos musicais. Por dom nativo, tornou-se mestre de banda e orquestra, profissão que exerceu pela vida afora. Foi organizador de bandas musicais em diversos municípios. Após a diluição da família de seus pais, ligou-se de morada a seu irmão Antônio, em Veranópolis, por muito tempo. Em seus últimos anos de vida morou com seu primo Antônio, como hóspede do hotel, na Estação Getúlio Vargas. Gostava de passar temporadas de férias na casa de meu pai e tinha em grande estima minha mãe. Passou uma vida de simplicidade, pacífico e despreocupado, até mesmo da própria saúde. Vida sedentária, sem exercícios físicos, de tendência a obesidade, pensando ser isto saúde, candidatou-se a males cardíacos. Certa manha, percebendo que Bellin não se levantava, a família de seu primo Antônio procurou chamá-lo, quando o encontrou sem vida na cama. Faleceu com pouco mais de sessenta anos de idade.

Poleone. É o último filho de Antônio, nascido em Bento Gonçalves, brasileiro nato. Também foi músico amador. Casou-se com Clotilde Cavedon, de cujo matrimônio nasceram-lhe seis filhos: Adélia, Eduardo, Helena, Juverlindo, Ondina e Ademira (Gêmeas) e Danúnzio. Vivia em Veranópolis, optou por morar em São Leopoldo, onde seu filho Eduardo estava estabelecido com a indústria do fabrico de seda. Ali o casal Poleone viveu seus últimos anos. Ele veio a falecer ao redor de sessenta anos e, ela viveu por mais tempo.

 

Vida Religiosa da Família Tagliari

 

A família Tagliari é de forte tradição católica. Não obstante raras evasões, falta de vivência prática, deficiências e fragilidades, próprias da natureza humana decaída, ela, em sua maioria, se mantém fiel à Igreja de Cristo. Ela, no decorrer de sua história, sempre ofereceu vidas consagradas a Deus, que oram pelos seus. Temos conhecimento que na Itália, dois irmãos de Bartolomeo eram sacerdotes. Vindos ao Brasil, uma filha de Ângelo consagrou-se à vida religiosa. Mais tarde, uma filha de Antônio Tagliari Filho abraçou a vida religiosa. Duas filhas de Giocondo, filho de Bartolo tornaram-se freiras. Laurentino, filho de Raimundo, eu mesmo, me tornei sacerdote secular. Inácio, filho de meu irmão Alberto, é padre missionário redentorista, há doze anos. Mário, filho de meu irmão Luiz, tornou-se franciscano e daqui a três anos, querendo Deus, subirá ao altar do Senhor. Um neto de Valentim Tagliari, filho da Égide Tagliari Copetti, é padre redentorista. E um neto de Bartolo, filho da Vitória Tagliari, Carlos Kipper, também é padre há mais de vinte anos. E minha irmã Adelaide tem uma filha freira. Tudo isso define muito bem a vocação cristã da estirpe Tagliari. Graças sejam dadas a Deus que é bom e nos ama e o bem Deus abençoe nossa geração para sempre.

 

Conclusão

 

É isto o que, com muitas investigações, pude colher e relatar da história da família Tagliari. Penhoradamente agradeço ao falecido Eduardo Tagliari e sua esposa Dna. Zuleica, pelo apoio que me deram e a suas informações colhidas na Itália e no Brasil. Muito obrigado, também pela colaboração que recebi de Guilherme Tagliari e outros parentes. Relatei a história da Família na Itália e sua implantação no Brasil, pelos dois irmãos Antônio e Ângelo, dois troncos, dos quais depende toda a descendência Tagliari nesta terra. Reportei-me à vida de seus filhos, que no transcorrer de cem anos, desdobraram-se em muitas famílias sucessivas, atingindo hoje a quarta ou quinta geração. São tão numerosos os Tagliari de hoje que juntos formariam uma cidade. Não existindo mais ninguém da primeira geração e poucos da segunda, foi difícil colher dados mais exatos e outros por menores que a gente gostaria de saber. Bem mais completo seria este trabalho se tivesse sido feito uns trinta anos antes. Entretanto, tenho ter prestado aos parentes, boa colaboração, para que cada um possa estabelecer ligação com seus antepassados e traçar sua própria árvore genealógica.

Como preito de homenagem a todos os parentes, o meu fraterno abraço.

 

Viamão, 15 de novembro de 1980.

 

Padre Laurentino Tagliari

 

 

 


Família de Raimundo Tagliari

 

Em 1980, enquanto eu era assistente dos seminaristas do Curso Superior da Diocese de Vacaria, em Viamão, escrevi um resumo histórico geral da Família Tagliari, em comemoração ao primeiro centenário de vinda ao Brasil por parte de meu avô Antônio Tagliari, que veio assumir nova Pátria em 1879. conjuntamente, descrevi também o histórico do irmão de meu avô, Ângelo Tagliari e seus descendentes. Tudo isso em trinta fascículos, em fotocópia, que foram distribuídos entre os diversos troncos dos descendentes dos dois irmãos.

Decorrendo agora o ano de 1986, resolvi mandar imprimir, em edição especial, este trabalho, acrescido do histórico particular, em apêndice, da Família de Raimundo Tagliari, à qual pertenço, em número de exemplares suficientes para a demanda de interessados.

Pelo começo de 1910, após a morte do Avô paterno, Antônio Tagliari, nossos pais que residiam em Veranópolis, (naquele tempo denominado Alfredo Chaves) venderam as propriedades que lá possuíam, poucas e pouco produtivas, e emigraram para Passo Fundo, onde tinham adquirido uma propriedade de terra para lá morar. A viagem de mudança, feita de carroça, foi muito penosa, por se dar em estação chuvosa de inverno e em péssimo estado da estrada. À espera de tempo favorável, interromperam a viagem por alguns dias estacionando na Linha 15, hospedados na Casa Comercial de Antônio Palma, primo-irmão da Mãe. Em segunda etapa de viagem, treze dias após a partida, chegam a Mato Castelhano onde estacionam novamente, desta vez hospedados na Cada Comercial dos tios maternos: João Emílio e Ernesto Palma, até que fosse ultimada a Escritura da terra comprada em Passo Fundo. Ali tiveram que demorar por três meses, dado que foi impugnada judicialmente a venda que a Família Canfild tinha feito a meu pai. E foi nesse intervalo de tempo que eu vim a nascer, na casa dos tios, como décimo filho da família. Decorrido os três meses, o Pai conseguiu receber com liquidez e sem embargo a escritura de terra comprada. Tornou-se então possível ir morar na nova propriedade, em Passo Fundo, pelo mês de novembro de 1910.

A "nova terra" de moradia, foi uma rica aquisição, contendo cerca de sessenta hectares cobertos de mata virgem na quase totalidade, com casa onde a família passou a residir, na baixada do vale, formado pelo arroio Conceição.

Sem dúvida, grande deve ter sido a luta pela sobrevivência da numerosa família, em seus primeiros anos de vida, em Passo Fundo. Sua subsistência foi promovida com duros trabalhos de corte de mato, venda de lenha, plantio de milho e trigo, criação, tambo, e mais tarde, alfafa, melancia, cebola e hortaliças, todos produtos de consumo e demanda na cidade.

Vencidos os primeiros quatro ou cinco anos de desconforto, tornou-se possível a construção de uma nova casa de moradia, com maior acomodação, na parte alta da propriedade, à beira campo, mais próxima à cidade, de onde os últimos filhos tinha maior facilidade para freqüentar escola. Daí em diante, a família entrou numa fase de sensível progresso. O pai se estabeleceu, aos poucos, com oficina doméstica de concerto de gaitas e utensílios domésticos e tocava gaita pianada nos bailes, ganhando seus patacões. Em pouco tempo, tornou-se conhecido como o músico mais apreciado da época, em toda a região. Com o crescimento de idade dos filhos, em família unida, aumentou a força de trabalho, fazendo desdobrar-se a agricultura, melhorando assim o padrão de vida. Entretanto, aproximava-se o tempo dos filhos mais velhos se casarem e urgia conseguir-lhes colocação. Para tanto, o pai comprou uma área de terra com cerca de 150 hectares, junto ao arroio Pinheiro Torto, no local denominado Passo do Marmeleiro.

Casados José e Antônio continuaram a morar na casa paterna, dentro do sistema patriarcal, até ser construída uma casa no Passo do Marmeleiro, principalmente para morarem os dois e em seguida foi construída outra, especialmente para Antônio. Moraram lá algum tempo, dedicando-se à agropecuária. José, com grande pendor para a mecânica, resolveu trocar de profissão. Abandonou a casa e foi morar na cidade, empregando-se na Oficina Mecânica de Irmãos Biazus, hoje Indústria Agrícola Menegaz. Não muito tempo depois, o irmão Atílio emancipou-se e recebeu emprego na mesma oficina, trabalhando junto com José.

Entretanto, Papai, comprou outra propriedade da família Baggio (antiga posse do Kurtz), limítrofe com a propriedade residencial, com casa de moradia desocupada. Foi quando Antônio, sentindo-se muito só, longe dos familiares e pouco convívio comunitário onde morava, pediu ao pai a casa desocupadana nova propriedade e ali veio morar com o consentimento do pai, continuando como agricultor. E assim, também ele abandonou a casa que se lhe tinha feito no Marmeleiro. Tanto a casa do José, como a do Antônio, novas ainda, abandonadas, foram queimadas por malfeitores.

A vinte e quatro de agosto de 1940, depois de passar por muitas tribulações, com profunda resignação cristã, na generosa doação pelos quatorze filhos que criou, a mãe entregava sua vida a Deus, vítima de síncope cardíaca. Naquela época, Luiz, o mais novo dos filhos homens, já era casado e morava na casa paterna, dando assistência aos pais idosos, em união com Maria e Eugênio, ainda solteiros. Os demais irmãos eram casados e emancipados. Em conseqüência da morte da saudosa mãe, foram inventariados os bens imóveis, cabendo a meação dos filhos em terra. P. Laurentino desistiu da herança a bem dos irmãos. Portanto a meação atinente aos filhos foi dividida em treze partilhas, cabendo a cada um aproximadamente dez hectares.

A meação partilhada entre os filhos compreendeu toda a propriedade comprada da família Baggio, atingindo uma partezinha da primeira gleba comprada, a da residência que coube ao pai. Coube a ele também a metade da terra que possuía no Passo do Marmeleiro, já que a outra metade tinha sido vendida anteriormente. Aos poucos, Maria e Eugênio, ainda solteiros, procuraram se colocar buscando rumos próprios de vida. Luiz, tendo comprado a partilha limítrofe à dele, do falecido José, foi morar em terra própria. Assim se desfazia a família de Raimundo, meu pai, que por sua vez, foi morar com o filho Alberto, onde permaneceu por cerca de quatro anos e, daí em diante, já impossibilitado de atender a própria oficina, passou a viver temporadas, de filho em filho, a seu bel prazer. Sobreviveu a viuvez por quinze anos. Foi paciente e bondoso na sua velhice, que assumiu sem desânimo. Perseverante na fé, veio a falecer na casa da filha Noemi, no dia 31 de março de 1955, beirando os 84 anos de idade.

Vejamos agora o desenrolar da vida de cada um dos filhos:

 

MERCEDES

Mercedes uniu-se em matrimônio com Humberto Polippo, ao redor de 1920. Morou com seu esposo por alguns meses na casa do sogro, Domingos Polippo. Humberto que era de família de parcos recursos, desejando se promover, pediu colocação na terra do pai, que lhe a concedeu e o ajudou a construir uma casa, não muito distante da nossa, onde morou por longos anos e criou todos os seus dez filhos, que são: Severino, Belarmino, Assunta, Olga, Horlando, Danúncio, Leobaldino, Lurdes, Nélson e Terezinha. Desfeita a família do pai, como foi dito acima, Humberto, com seu genro Nelo Peres, marido de Assunta, arrendaram a terra do pai por poucos anos até que o pai resolveu vender seus bens imóveis para viver tranqüilo de seu patrimônio em dinheiro vivo. Foi nessa circunstância que Humberto, podendo construir em terra própria, formada da partilha que lhe coube por parte da Mercedes, acrescida de outra comprada dos cunhados, preferiu vender o que possuía de terra colonial, comprou uma porção de lotes urbanos, junto ao bairro Boqueirão, construiu casa de moradia, onde residiu pelo resto da vida, dedicando-se ao plantio de hortaliças. Os filhos foram se empregando, e, aos poucos, casando-se todos. Horlando, Danúncio, Leobaldino e Nélson buscaram trabalho em Porto Alegre. Horlando e Nélson retornaram à terra natal. Assunta já faleceu e deixou quatro filhos. Igualmente, Danúncio faleceu em Porto Alegre, deixando três filhos. Humberto, marido da Mercedes, faleceu em 1º de setembro de 1975, na idade de 78 anos. E Mercedes, passando por longos sofrimentos entregou sua vida a Deus com 82 anos de idade, no dia 17 de setembro de 1977.

 

JOSÉ

José casou-se com Ana Rossetto. Teve o primeiro filho enquanto morava na casa paterna, que recebeu o nome civil de Arnaldo e de Bellin no batismo. Um segundo filho, de nome Maurílio, nascido no Passo do Marmeleiro, falecido com apenas 18 meses de idade. Como já foi dito acima, deixou a agricultura para se dedicar à mecânica na Oficina Biazus. Passou a trabalhar junto com o irmão Atílio na nova Oficina de Gastão Schaeffer, no Bairro Boqueirão, ond permaneceram por cerca de dois anos.

Em seguida, associados os dois irmãos, estabeleceram-se com oficina própria no Mato Castelhano. Em seguimento, progredindo, fundaram uma ferraria com carpintaria em Rio Toldo. Ali permaneceram por diversos anos e dentro deste tempo, por volta de 1928, veio a falecer Ana, esposa de José, deixando órfão de mãe, seu único filho, Arnaldo, quando tinha ela apenas 33 anos de idade. José não tolerou por muito tempo a viuvez e abraçou novo matrimônio com Alda Casagrande, com a qual obteve mais dois filhos. Teobaldo e Lurdes. Cerca do ano 37, desfeita a sociedade com Atílio, venderam a ferraria e a carpintaria e José passou a morar no km 13, da estrada que liga Getúlio Vargas a Erexim, por Rio Toldo, em ferraria alugada. Decorrido cerca de um ano, junto ao filho Arnaldo, já adolescente, comprou uma ferraria e carpintaria em Ipiranga, distrito de Getúlio Vargas, onde se estabeleceu e morou por muito tempo, com progresso econômico. Entretanto, Arnaldo se casou. Por esse tempo, José comprou de José Palma, primo-irmão, uma parte na serraria de Primo Feroldi, sita no Rio Carreteiro, próximo a Campo do Meio. Para o maior desenvolvimento de cada um, José e seu filho Arnaldo resolveram separara-se e, dividindo os bens, Arnaldo permaneceu com a posse da ferraria em Ipiranga e José, com crédito de Arnaldo, ficou com parte da serraria e foi morar no Rio Carreteiro. Nessa compra José entrou numa fria. Não obstante, continuou a morar lá por longo tempo, onde terminou de criar os dois filhos do segundo matrimônio, até se casarem. Já com idade avançada, pouca saúde e poucos recursos, foi amparado pelo filho Arnaldo, que o colocou numa chácara que comprara no Jabuticabal, subúrbios da cidade de Passo Fundo, onde José morou por cerca de cinco anos, dedicando-se ao plantio de hortaliças. Arnaldo achou por bem vender a chácara e deslocou o pai para uma casa de sua propriedade, na Estação Getúlio Vargas, onde, depois de tanto labutar e peregrinar na vida, entregou sua alma a Deus, no dia 20 de outubro de 1972, com 75 anos de idade. Onze dias depois, morreu também seu filho Teobaldo a 31 do mesmo mês e ano, deixando a mulher viúva com oito filhos.

 

ANTÔNIO

Antônio, casado com Amábile Demarchi, depois de morar no Passo do Marmeleiro, passou a morar na gleba de terra que Papai comprou dos Baggio, como consta acima. E ali viveu longos anos, até criar sua numerosa família. Perdeu dois filhos na infância, cujos nomes me escapam da memória, e sobrevivem onze que são na ordem de nascimento: Honorina, Deoclides, Alcino, Zita, Luiz, Gema, Ionde, Neli, Vilson, Ilvo e Gerci. Por todo esse tempo, dedicou-se à agricultura. Tendo já casado boa parte dos filhos mais velhos e, sentindo necessidade de maior repouso, exigido pela idade, comprou lotes na Vila Luiza, onde construiu casa e foi morar na cidade com o restante dos filhos solteiros. Vendeu a propriedade agrícola, emprestou dinheiro aos três últimos filhos, que compraram caminhões e passaram a trabalhar no setor de transporte. Pouco a pouco se casaram todos os filhos, permanecendo solteira Ionde, que com pouca saúde deu assistência aos pais na velhice. Antônio faleceu a 15 de setembro de 1979, aos 80 anos de idade, e Amábile veio a falecer na idade de 81 anos, a 06 de abril de 1984.

 

EMÍLIO

Emílio contraiu matrimônio com Rosa Donato. Avizinhou-se com os pais, em moradia numa casa especialmente feita para ele, ao casar-se, com reserva de uma peça espaçosa para a oficina do pai. Permaneceu agricultor por uns poucos anos, em especial na cultura de hortaliças, na terra paterna. Depois, tendo comprado uma pensão na cidade à Rua Teixeira Soares, dedicou-se à hotelaria até o fim da vida. Faleceu aos 65 anos de idade no Hospital de São João Batista de Sananduva, no dia 21 de março de 1965, em conseqüência de acidente de veículo, sofrido na estrada entre Sananduva e Ibiaçá, quando viajava em férias com o irmão, P. Laurentino. Andando numa Rural e subindo num topo em curva foram atingidos por uma pick-up que vinha em alta velocidade, dirigida por irresponsáveis alcoolizados. Emílio era esportista e muito estimado pela sociedade, principalmente a esportiva. Por Decreto da Câmara Municipal, o Poder Público denominou uma rua com o nome de "Emílio Tagliari", no bairro São Cristóvão. O casal Emílio e Rosa criaram cinco filhos que são: Avelino, Leonilda, Ofélia, Olinto e Irene e perderam um com poucos meses, chamado Francisco. Casaram-se todos. Avelino permaneceu com a mãe e substituiu o pai na pensão. Olinto, que se formou odontólogo, já faleceu, deixando três filhos.

 

ADELAIDE

Adelaide casou com Ernesto Noro, residente na Colônia Bela Vista, no município de Passo Fundo, onde passou a morar me propriedade agrícola do marido. Mas com a morte da falecida mãe, Adelaide herdou sua partilha em terra com os demais irmãos. Ernesto resolveu então vender sua propriedade em Bela Vista e comprou duas partilhas dos cunhados, edificou moradia e veio ali morar, por estar mais próximo a cidade, continuando em tarefas agrícolas, até o fim de sua vida. Atacado de diabete rebelde, que o fez sofrer muito partiu para a eternidade no dia 21 de maio de 1951, com cerca de 40 anos. Adelaide e Ernesto tiveram cinco filhos que são, em ordem de idade: Florentino, Maria, Adina, Ivo e Anita. Esta última, porém, faleceu com três anos de idade, de morte provocada por queimaduras. Adina se tornou religiosa com o nome Fátima, das Irmãs de Notre Dame. Os três outros abraçaram o matrimônio. Florentino, que se dedicou do comércio, e Maria residem na cidade. Ivo comprando dos irmãos as respectivas partilhas e a meação da mãe, continuou agricultor. E Adelaide, liberada de bens imóveis, passou a morar uma temporada com cada filho.

 

ATÍLIO

Atílio, casado com Adélia Lozz teve um filho, chamado Nédio. Boa parte da vida dele foi historiada, enquanto manteve sociedade com José, no ofício de ferreiro. Quando em Rio Toldo venderam a oficina, dissolveram a sociedade. Por aquela ocasião, Atílio comprou um armazém em Rio Toldo, iniciando assim a vida comercial. Em seguida, ele, com mais um sócio, fundaram uma empresa de ônibus no trajeto de Lagoa Vermelha – Marcelino Ramos, passando a residir algum tempo em Lagoa Vermelha e em Erexim. Por fim, desistindo da empresa de ônibus, muito penosa naquele tempo, resolveu retornar para Passo Fundo, onde abriu um armazém comercial, num lote que tinha anteriormente comprado, ao lado da propriedade de Emílio, na Rua Teixeira Soares. Ali, dedicando-se à vida comercial com seu filho Nédio, permaneceu até o fim da vida. Atílio faleceu a 12 de julho de 1984, na bela idade de 80 anos. E Adélia, passando por longos sofrimentos, veio a falecer no dia 29 de janeiro do presente ano de 1986. nédio, agora sem os pais que muito amava, sucede-lhes na profissão de comerciante.

 

MARIA

Maria, dentro dos desígnios de Deus, não se lhe ofereceu oportunidade de um bom casamento, como merecia. Manteve-se solteira, disponível na prestação de serviço, oferecendo apoio a quantos dela precisassem, notadamente aos pais em sua velhice. Desfeita a família paterna, foi morar com seu irmão, P. Laurentino, em Santa Maria, dando-lhes prestimosa assistência por longos treze anos. Continuou a morar com ele na Paróquia de Paulo Bento, na Catedral, e por último, em Erval Grande, de onde, sentindo sua saúde abalada, passou a morar com os demais irmãos em Passo Fundo, em busca de maior assistência médica. Foi acometida depertinaz doença de difícil diagnóstico. Os médicos, após muitos exames, suspeitaram que se tratava de um tumor cerebral, remetendo-a por isso a especialistas em Porto Alegre. Estes constataram, que tinha de fato, um pequeníssimo tumor no cérebro e resolveram operá-la, como único modo de salvar-lhe a vida. Mas verificado o material, apurou-se a malignidade do tumor, que fatalmente a levaria à morte, dentro de noventa dias. Restabelecida da operação, retornou via aérea a Passo Fundo, onde foi assistida pela irmandade familiar, especialmente pela irmã Noemi que muito a amparou e em sua própria residência Deus a chamou, justamente após três meses da operação, para descanso eterno, no dia 24 de abril de 1962.

 

ALBERTO

Realizou seu matrimônio com Maria (Leonor) Stefani e, dentre os irmãos, constituiu a mais numerosa família composta dos seguintes filhos: Rita e Terezinha, Raimundo e Cláudio, João e José, Inácio e Anselmo, Carmem e Elizabete, Rosa, Fátima e Bernardete. Quando casou foi morar perto do sogro, que lhe ofereceu casa, afim de que lhe prestasse assistência e ali, trabalhasse na agricultura, a interesse próprio e zelasse pelo seu gado. Percorridos assim alguns anos, conseguiu algo de economia, acrescida com a partilha que herdou da mãe falecida, teve oportunidade de comprar a propriedade dos Dutra, área de terras bastante grande para plantar e criar. Ali construiu casa e foi morar em chão próprio. Labutando na agropecuária, decorreram os anos e a família cresceu. Construiu nova casa, bem confortável, e com o apoio dos filhos mais velho iniciou a mecanização da lavoura. Aqui começou o tempo áureo da família, fase de grande prosperidade. Mas, pela lei da natureza, as famílias se fazem e desfazem. Os filhos mais velhos, aos poucos, foram casando. E Alberto, um tanto cansado da luta e atacado da moléstia da pálpebra dos olhos, resolveu mudar-se para a cidade, facilitando assim o amparo das últimas cinco filhas, que estavam estudando em busca de formação. Mora numa casa de alvenaria muito confortável, no Bairro Boqueirão.

Nos dias de hoje, tem todos os seus filhos emancipados. Casaram-se onze deles. Permaneceu solteira a Carmem que ampara os pais e é funcionária de um Laboratório de Análises Patológicas. Inácio se tornou Sacerdote da Congregação Missionária dos Padres Redentoristas. Cláudio, que era lavoureiro, já faleceu acidentado no trabalho, deixando a esposa com três filhos. Raimundo é mecânico. João e José são granjeiros. Anselmo, mais novo dos filhos homens, também trabalha na granja em sociedade com os pais, proporcionando-lhes todo o apoio de que precisam.

 

ALBINO

Albino teve por esposa Glória Lago. Após o casamento, foi morar numa casa especialmente feita, na propriedade paterna, sita na terra adquirida da família Baggio. Mais tarde, quando da morte da mãe, recebeu sua partilha anexa à moradia. Comprou mais duas partilhas dos irmãos, obtendo uma boa porção de terra para explorar. Trabalhador incansável, quase excessivo, dedicou-se inicialmente à agricultura, à criação de gado e suínos e ao fornecimento de leite. Sentindo já a ajuda dos filhos, reabriu uma pedreira que existia em seu solo, talhou pedras de alicerce e calçamento, trabalho este que lhe causou impertinente sino site, que o fez sofrer até o fim da vida, apesar das diversas cirurgias. Como fruto de seu matrimônio nasceram-lhe cinco filhos: Nair, Zoe, Lurdes, Cármen e Telmo. Foi aumentando sua economia, a ponto de poder comprar e construir casas na cidade. Desfrutando do aluguel. Colocou os dois filhos homens com um bar e as filhas se casaram. Alugou sua propriedade rural e foi morar com os filhos na cidade. A 11 de novembro de 1978, perdia sua esposa. Glória, com 61 anos de idade. Em casamento religioso amparou-se novamente com uma viúva de nome Gracilda, porém mal sucedido, porque ela passou a dar mais assistência aos netos, descumprindo o compromisso com o marido. Praticamente, viveu como se casado não fosse, solitário em sua própria casa, contígua à de seu filho Zoe, que lhe dava assistência necessária. De gênio folgadão, gostava do esporte de carreiradas. Sofreu sempre com muita coragem, sem nunca perder o ânimo. Finalizou sua vida a 11 de março de 1984, marcando 75 anos.

 

PADRE LAURENTINO

Laurentino, aos 15 anos, sentindo-se vocacionado ao sacerdócio, ingressou no Novo Seminário Menor de Santa Maria, onde absorveu o curso ginasial. Em 1931, ingressou no Curso Superior de Filosofia e Teologia, em São Leopoldo. Em tratamento de saúde, fez segundo e terceiro anos de Teologia no Seminário Maior de Ipiranga em São Paulo. Ordenou-se Padre na Igreja Matriz da Conceição em Passo Fundo, sua terra natal, conjuntamente com dois colegas, Padres Paulo Chiaramonte e Roberto Stefani, a 17 de outubro de 1937.

Recebeu a ordenação das mãos de Dom Antônio Reis, Bispo de Santa Maria. Nomeado coadjutor da Paróquia de Santa Catarina do Itararé de Santa Maria, colaborou com o Pároco por três meses, e logo teve que assumir a Paróquia em virtude de doença do Pároco, Pe. Damaso Conde, que era Espanhol e voltou a Espanha, em busca de cura, mas encontrou a morte, poucos meses depois. Daí pelo fim do ano de 1938, Pe. Laurentino foi nomeado definitivamente Pároco daquela Paróquia, cargo que exerceu durante onze anos, em ambiente ferroviário. Foi transferido para Pároco de Paulo Bento, no município de Erexim, por dois anos. Em seguida, foi nomeado Pároco fundador da nova Paróquia de N. S. Aparecida, futura Catedral da nova Diocese de Passo Fundo, que após um ano seria erecta e à qual passaria a pertencer. Terminada esta missão retornou a ser Pároco de Paulo Bento, por mais dois anos, e daí, transferido para Diretor Espiritual no novo Seminário que a Diocese de Passo Fundo fundou na cidade de Erexim, função esta que exerceu por um ano e depois, em tratamento de saúde, foi nomeado Capelão do Hospital de Caridade de Erexim. Durante 18 meses de Capelania, exerceu também o magistério no Ginásio N. S. Medianeira. Voltou à função de Pároco em Erval Grande, onde permaneceu por 4 anos. Trabalhou mais um ano como Pároco da Estação Getúlio Vargas. Até aqui prestou serviço sacerdotal por 14 anos na Diocese de Santa Maria e mais 18 anos na nova Diocese de Passo Fundo. Neste ponto, por razões intimamente pessoais, especialmente a saúde, pediu permissão a Don Cláudio Colling, de passar a trabalhar em outra Diocese, o que lhe foi bondosamente concedido. Entretanto em contato com o Bispo de Chapecó, oferecendo-lhe seu trabalho, experimentalmente, este o mandou ajudar o Pároco de São Miguel do Oeste, permanecendo ali somente um ano. Entretanto a Prelazia de Vacaria era elevada a categoria de Diocese e era nomeado seu segundo Bispo, na pessoa de Dom Augusto Petró. Então, Pe. Laurentino pediu a Dom Petró ingresso na sua Diocese, e este o recebeu carinhosamente e nomeou Pároco de Maximiliano de Almeida, e, depois de dois anos, Pároco de Ibiaçá, cargo que exerceu por mais de seis anos, atendendo o Santuário de N. S. Consoladora, Padroeira da Paróquia. Em princípio de 1969, deixava definitivamente o múnus de Pároco, por estar bastante esgotado, foi nomeado Capelão do Hospital São João Batista em Sananduva e após cinco anos de Capelania, foi encarregado da assistência aos estudantes no Seminário de N. S. da Oliveira em Vacaria. Passando lá um ano, retornou a Sanaduva, agora como Vigário Paroquial, por quatro anos. Passou a ser assistente dos seminaristas vacarianos do Curso Superior no Seminário de Viamão, função que exerceu por dois anos. De 1981 até a presente data, está novamente em Sananduva, na Paróquia, mas já liberado por ultrapassar os 75 anos de vida. E, é daqui que escrevi e mandei editar este trabalho de conjunto com o histórico geral da Família Tagliari, que ofereço, com muito apreço, a toda a minha gente.

 

NOEMI

Noemi realizou seu matrimônio com Atílio Stefani, natural da Itália, donde veio jovem para o Brasil, em busca de melhores condições de vida. Tendo se empregado primeiramente em Porto Alegre, onde já se estabelecera um irmão dele, dali veio para Passo Fundo, a trabalhar com seu parente João Stefani. Passou a trabalhar como empregado agrícola de meu irmão Emílio, ocasião em que conheceu Noemi, namorou-a e casou com ela. Uma vez casado, iniciou vida independente, dedicando-se à cultura de hortigranjeiros, em terra e casa cedida pelos seus pais. Passando uns quatro anos de vida laboriosa e tendo conseguido alguma economia, associou-se com meu irmão Eugênio na fundação de um armazém comercial em Sana Maria. Cerca de quatro a cinco anos após, ofereceu-se-lhe uma boa compra, no Bairro Boqueirão em Passo Fundo, para onde se transferiram com armazém, agora com mais um sócio, o irmão Atílio. Eugênio se casou pouco tempo depois, dissolveram a sociedade. O cunhado Atílio continuou sozinho com o armazém e com os filhos já crescidos, obteve a concessão de fundar o Posto Shell de gasolina. Não indo bem com o posto, desvinculou-se do comércio no Boqueirão e comprou para os filhos a Óptica Brasil no centro da cidade. Com esta, deu certo, e passaram a denominá-la Brasóptica, que se ramificou em filiais em Passo Fundo, Erexim e Getúlio Vargas. Numerosa é a família de Noemi-Atílio, constituída de dez filhos: Eliza, Elza, Lurdes, Terezinha, Marcos, Iolanda, João, Inês, Áurea e Hildo, todos casados. O casal Atílio-Noemi, saindo do Boqueirão, passou a morar em casa alugada na Rua Moron. Tentaram então a trabalhar com granja, mas não obtendo um bom resultado, desistiram. A Brasóptica sim, esta progrediu, a ponto de os filhos poderem fazer uma casa moderna, com todo o conforto, para seus pais morarem, no alto da Vila Luiza. O último dos filhos, Hildo, se casou e ficou morando numa casa comprada ao lado dos pais, dando-lhes assistência. Atílio e Noemi começaram a viver uma vida sem preocupações, com todo o bem estar. Mas o que é bom, diz o provérbio, não dura. Pois, Atílio, celebrada com grande brilho as Bodas de Ouro, há dois anos, veio a perder a vida, na idade de 75 anos, em 23 de novembro de 1985.

 

EUGÊNIO

Parte da vida de Eugênio já é conhecida acima. Enquanto trabalhava com armazém no Boqueirão, aproveitou fazer um curso noturno de Auxiliar Comercial e, por esse tempo contraiu matrimônio com Doralina Cogo. Quando negociou sua parte no armazém com o cunhado Atílio estabeleceu-se com armazém próprio, à Rua Moron. Convidado a trabalhar de caixa na Agência Chevrolet, pertencente aos irmãos Tagliari, nossos segundos primos, em Palmeira das Missões, aceitou a proposta, vendeu o armazém e se mudou para Palmeira.

Naquela agência não se deu bem e prestou serviço apenas por dois anos. Retirou-se da Firma e retornou a Passo Fundo, alugando uma casa de moradia à Rua Paissandu e passou a trabalhar itinerante com representações comerciais. Trabalhando, a pessoa progride e vence. Conseguiu economia, comprou um lote na Vila Vergueiro e construiu casa própria de moradia, em alvenaria, de bom conforto, onde reside até hoje. Não obstante já ter aposentado, continuou na vida de Representante Comercial. De seu matrimônio lhe nasceram quatro filhas e mais uma, que faleceu com poucos meses. As três mais velhas fizeram estudo Universitário, formando-se professoras, i.é, Helena, Leda e Regina. Maria Aparecida a mais nova, fez curso pleno de Pós-Graduação em Psicologia. Abraçando o matrimônio todas elas, o casal Eugênio-Doralina, se se reduziu novamente a dois, como quando começaram as vidas de casados.

 

LUIZ

Quando faleceu a mãe, em 1940, Luiz, o último dos filhos homens, já era casado como se disse acima, no relato histórico da família Paterna. Sua esposa se chama Amábile Donatto. Dissolvida a família de nossos pais, ele transferiu-se para a moradia de sua própria propriedade, continuando agricultor. Não muito tempo depois, tentou mudar de profissão. Comprou uma chácara na entrada do Bairro Boqueirão, abriu um pequeno armazém e dedicou-se ao mesmo tempo ao plantio de hortaliças. A família crescia e se tornava necessário obter maior fonte de renda, dando trabalho aos filhos. Como já praticara o ofício de Oleiro, numa olaria que tinha em sua partilha, em sociedade com o cunhado, Ernesto Noro, os padres Redentorista pediram a ele que assumisse o funcionamento da olaria que eles possuíam perto de pulador. Feito o contrato com os padres, vendeu a chácara e foi morar na olaria, pondo-a em funcionamento. Vencido o contrato, fundou um tambo, primeiramente em terreno arrendado e depois em terreno adquirido, na região do Jabuticabal, hoje Vila Jerônimo Coelho. Por diversos anos trabalhou neste ramo, mas adoecendo o gado, foi forçado a vender a propriedade e mudou-se para Maximiliano de Almeida, onde comprou terra e fundou uma Olaria. Comutou a olaria com uma Lancheria em Paim Filho, onde se estabeleceu e conseguiu a fundação de Rodoviária. Os filhos mais velhos se empregaram de condutores de caminhões numa firma Madeireira e foram morar em Curitibanos, em Santa Catarina. Estes convidaram os pais para se transferir para lá, onde teriam melhores condições de vida. De acordo com a família, comprou casa em Curitibanos, para lá se transferiu com a família, exceto Zélia, já casada com Augusto Lorenzoni, e Valdir, que coadjuvado pelo cunhado Augusto, gerenciava a filial da Cooperativa Agrícola de Erexim, em Maximiliano de Almeida. Estes também, mais tarde, passaram a residir em Curitibanos. Luiz recebeu emprego numa Madeireira e, a seguir, operou de Caixa numa Casa de Ferragens, onde já trabalhava seu filho Mário. Os outros filhos trabalharam em mecânica, representações comerciais e Bancos. Nos dias de hoje, dois são bancários, um é Sacerdote e os demais se tornaram granjeiros na produção de alho e feijão. São todos bem situados economicamente, com casas próprias, confortáveis. Luiz, também mora em casa própria. Aposentados, ele e a esposa sentem-se felizes porque rodeados pelos filhos que lhe dão assistência e carinho em sua saúde decadente. Constituiu uma família numerosa de nove filhos. Vamos cita-los: Zélia, Sérgio, Valdir, Sadi, Gérson, Valmor, Mário, Jorge e Solange, todos casados, excetuando-se Mário que abraçou a vida religiosa, tornando-se Padre Franciscano. Luiz se submeteu a muito trabalho, passando de lugar em lugar, peregrinando até achar sucesso em Curitibanos, onde reside há cerca de 14 anos.

 

CATARINA

Catarina, a caçula da família, casou-se com Antônio Stefani, irmão da esposa de Alberto. Antoninho, como era chamado, não tinha condições físicas para a vida de agricultor. Por isso, o respectivo pai, João Stefani, o colocou com um armazém em terra própria, junto à antiga estrada de Soledade. Catarina, não teve sorte neste casamento, não obstante ter um bom marido. Com ele não obteve filhos, e viuvou após dois anos de casada. Antoninho, acometido de terrível doença, faleceu a 10 de fevereiro de 1941 com apenas 24 anos de idade. E como não tinha filhos, Catarina nada herdou por parte do marido. Ficou sem eira nem beira, e, para sobreviver, empregou-se de balconista na firma do cunhado. Atílio Stefani, e irmãos Eugênio e Atílio. Decorridos assim, cerca de seis anos, contraiu novas núpcias com Marcelino Bortolin, viúvo também, com diversos filhos, caminhoneiro de profissão e depois, atendente de um posto de gasolina. Em conseqüência do casamento, foi morar na Avenida Mauá, hoje Presidente Vargas. Catarina exerceu o papel de mãe para os filhos do marido, tutelando as filhas solteiras até abraçarem o casamento. Uns oito a nove anos após o casamento, Catarina perdeu também o segundo marido, que faleceu com 55 anos de idade, aos 13 de agosto de 1955. Dessa vez herdou uma pequena pensão, uma casinha de madeira e três filhas para criar de seu matrimônio com Marcelino: Ana, Lorena e Lizabete. Transferiu então a mencionada casa para um lote que comprara com auxílio dos parentes, à Rua Moron, no Boqueirão, e apssou a morar, dando estudos às filhas, apoiadas pelos irmãos paternos e em particular, o irmão Armando. As três filhas são casadas e a mais nova mora na mesma casa com a mãe, casa já reformada com mais comodidade, por impulso do genro, Domingos Scandolara, casado com a Lorena. Ultimamente, cedido o fundo do lote à filha Ana, esta fez uma boa casa e foi morar perto da mãe. Assim, Catarina é amparada pelas filhas e ela ampara os netos.

Aqui termina o laborioso histórico particular da família Raimundo Tagliari e de seus quatorze filhos. O filho, Padre Laurentino o oferece aos irmãos, cunhados e cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, animado pelo apreço que lhes tem, abençoando-os com augúrios de proteção divina, que guarde a todos com a luz da fé, na alegria da esperança e na força do amor.

 

11 comentários:

  1. como posso saber se meus descendentes são pertencentes a essa família?

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  3. Oii Boa Tarde! Que linda historia da família Tagliari Polippo. Meu filho faz parte dessa Linda familia ele é neto do seu Nelson Polippo filho do Humberto e Mercedes . Estou pesquisando sobre a familia mais a fundo pois pretendo fazer a cidadania dele.

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  4. Olá! tenho mais informações sobre a família Polippo! entrem em contato comigo paula.allebrante@hotmail.com

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  5. Sou descendente de Ângelo Tagliari e Regina Marchetti será q são dessa linhagem q veio da Itália?

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  6. kkkkkk, eu sei que sou descendente dos Tagliari, pois tenho fotos antigas do meu avô Osvaldo com anotações escrito Osvaldo Tagliari, mas por alguma razão ele foi registrado como TALHARI, e meu sobrenome acabou por ficar assim também, Lizandra Talhari. Também, da mesma família, alguns primos distantes ficaram com o sobrenome TALIARI. Não entendo o porque de tantas modificações.

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  7. Espero que todos estejam dando continuidade ao nosso livro azul.

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  8. Aqui no interior do estado de São Paulo, somos também numerosos os descendentes dos Tagliari, nosso tronco principal Luiggi Tagliari e Ana Bonfante, desembarcaram no Porto de Santos em 1887,vindos de Verona, Itália.

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    1. Gledson, eu sou dessa linhagem! Eu queria saber onde o Luiggi nasceu, pois queria cidadania italiana e saber isso faz parte do processo. Vc é de onde? Sou de Artur Nogueira. O Frederico (filho do Luiggi) era meu tataravô e o Alduino era meu bisa.

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  9. Me chamo Luiz Alfredo, sou descendente de Raimondo Tagliaro, fiz recentemente meu processo de cidadania na Itália, tive a oportunidade de visitar a cidade de Gallio, no centro da cidade há uma praça onde há uma homenagem as famílias fundadoras, onde consta o nome de nossa família ''TAGLIARO'', Gallio foi onde consegui a certidão de batismo de Raimondo Tagliaro na Parocchia di San Bartolomeo, onde certamente foram batizado os demais filhos de Antonio e Angelo que nasceram na Itália, aos interessados me coloco a disposição para esclarecer dúvidas.

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